[Rio de Janeiro-RJ] A exposição "Quando o mar virou Rio" entra em cartaz no dia 24 de março, no Museu Histórico Nacional
março 19, 2017Por Monica Ramalho / Belmira Comunicação
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Rogério Reis / Ninguém é de ninguém |
"A praia não é um território tão livre quanto se diz. Se seu uso começa como um hábito de elite, ainda hoje é um espaço cheio de códigos e signos que servem para identificar 'quem é de cada praia'. Mas o carioca não respeitou as imposições da elite. A cultura de praia vai além da orla e invade as lajes. A marquinha de biquíni é valorizada tanto em Olaria quanto no Leblon. O corpo bronzeado desfila também no calçadão de Campo Grande e no Mercadão de Madureira. Tem dias que a farofa é 'cult' e o isoporzinho é moda. E se não tem onda, o surfe é no trem. Por toda a cidade, a praia é parte do imaginário. Está no jeito de ser, de vestir, falar... a praia, no Rio, não é simplesmente uma formação geológica às margens do mar. É cultural, projeta-se no centro da identidade do carioca e não se limita aos contornos das faixas de areia" (Isabel Seixas, Diogo Rezende e Letícia Stallone)
Entre
os dias 24 de março e 28 de maio, o Museu Histórico Nacional vai
estender a canga e abrir o guarda sol para receber a exposição
“Quando o mar virou Rio”. A mostra foi idealizada e produzida
pelo estúdio M´Baraká e pela produtora Logorama, com patrocínio
da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, da Secretaria Municipal de
Cultura por meio da Lei Municipal de Incentivo a Cultura - Lei do
ISS, e da Multi Terminais, copatrocínio da E.T.T. First RH e a Shift
Gestão de Serviços e apoio do Control Lab e do Consulado Francês.
Ao
todo, serão 130 obras, entre gravuras, fotografias, instalações e
pinturas, de 25 artistas, organizadas em nove temas que resgatam a
história da relação dos moradores do Rio de Janeiro com a praia -
desde a origem, quando os médicos receitavam banhos de mar para
curar doenças de pele ou respiratórias, até os dias atuais,
incluindo a moda, os esportes e o ideal de carioquice que ganhou fama
no mundo inteiro.
“O
mar, em sua imensidão, sempre estimulou a imaginação humana e
trouxe o medo do desconhecido, gerando uma infinidade de lendas que
afastavam o homem do oceano. Foi apenas na Idade Moderna que o mar
deixou de ser concebido como um caótico berço de mistérios
incompreensíveis. A força de um mito está em seu potencial de
parecer que sempre existiu. O banho de mar e a cultura de praia estão
tão associados ao Rio de Janeiro que nem parecem ser hábitos
recentes, com cerca de 100 anos", dispara Isabel
Seixas. Ela, Diogo Rezende e Letícia Stallone são os curadores da
mostra e formam o coletivo Curatorial do estúdio M´Baraká.
A
partir do batismo da cidade, quando os portugueses, por engano ou
peculiaridades linguísticas, entenderam a baía (de Guanabara) como
um rio, desenrolou-se uma narrativa que comprova que, apesar de
chamada Rio, a cidade é abraçada pelo mar. "Quando o mar
virou Rio" conta muito bem essa história, com o auxílio de
artistas de diferentes épocas e técnicas, associados a conteúdos
multimídias, objetos e imagens de acervo que foram encontrados em
pesquisas iconográfica e histórica, feitas nos últimos três anos.
Uma
parte significativa dessa coleção veio de acervos: 11 artistas e 24
obras são do próprio Museu Histórico Nacional; 26 obras das
coleções dos fotógrafos Augusto Malta (1864-1957) e Alair Gomes
(1921-1992) pertencem à Biblioteca Nacional; e há mais 5 imagens do
Augusto Malta que compõem o acervo do Museu da Imagem e do Som
(MIS). Malta retratou a evolução urbana da cidade pelo prefeito
Pereira Passos, nas primeiras décadas do século XX, e Alair foi o
precursor da fotografia homoerótica, voyerística, a partir do final
dos anos 60. Além disso, há outros 10 artistas contemporâneos com
cerca de 70 trabalhos expostos.
“A
curadoria gosta de pensar que a exposição é uma ode ao movimento
da cidade, que começa com a vinda dos primeiros índios que buscavam
a terra sem males, passa pelos navegantes portugueses e é porto de
partida e chegada de produtos, pessoas e influências de além mar,
até quando o Rio se volta literalmente para a praia, desaguando numa
paixão do carioca por ocupar a orla de diferentes maneiras",
aponta o curador Diogo Rezende.
Para
Letícia Stallone, também curadora, a mostra "apresenta parte
da história dessa cidade, conhecida no mundo inteiro como Rio, mas
que tem uma trajetória tão entrelaçada ao mar que a sua própria
identidade está vinculada à imensidão da água salgada, ao sol, à
areia e tudo que pertence a esse ambiente. Tudo isso num mesmo
gingado que a gente que se mete nessa geografia acaba adquirindo".
“Apoiar
a cultura é servir ao próximo. Nós, da E.T.T. First RH e da Shift
Gestão de Serviços, administramos os nossos negócios com muita
seriedade e acreditamos que as pessoas que consomem cultura têm mais
ferramentas para serem profissionais melhores. Somos cariocas de
nascimento e a nossa história está mergulhada nas águas e baseada
nas terras que a exposição ‘Quando o mar virou Rio’ revisita”,
exulta o diretor Guilherme Paletta.
Fotos
raras de Genevieve Naylor e outros achados
Um
dos pontos altos da mostra são as duas fotografias raras da
americana Genevieve Naylor (1915-1989), que foi contratada pelo
governo de Franklin
Roosevelt nos anos 40 para criar uma imagem de Brasil bem aceita nos
Estados Unidos. Ela se encantou pela cultura brasileira e voltou para
casa com mais de 1300 fotos incríveis, retratando o cotidiano da
Praia de Copacabana, por exemplo, que vivia o seu auge. As imagens
foram cedidas pelo seu filho e são praticamente desconhecidas aos
olhos do público.
Há
obras importantes de artistas atuantes. Rogério Reis
foi convidado a participar com os ensaios Surfista de Trem e Ninguém
é de Ninguém. O primeiro, de 1989, mostra o esporte radical
praticado por jovens nos trens do subúrbio do Rio. O segundo,
realizado entre 2010 e 2014, faz as vezes de um manual de como
fotografar na praia, trazendo à tona as questões que cercam os
direitos de imagem. Bruno Veiga terá um painel inédito com os seus
recortes aéreos das Pedras Portuguesas dos calçadões. E quatro
fotos dos ensaios que Júlio Bittencourt fez do Piscinão de Ramos
nos verões de 2008 a 2010 também estarão na parede do Museu
Histórico Nacional.
Já
os artistas Gisela Motta e Leandro Lim"A
praia não é um território tão livre quanto se diz. Se seu uso
começa como um hábito de elite, ainda hoje é um espaço cheio de
códigos e signos que servem para identificar 'quem é de cada
praia'. Mas o carioca não respeitou as imposições da elite. A
cultura de praia vai além da orla e invade as lajes. A marquinha de
biquíni é valorizada tanto em Olaria quanto no Leblon. O corpo
bronzeado desfila também no calçadão de Campo Grande e no Mercadão
de Madureira. Tem dias que a farofa é 'cult' e o isoporzinho é
moda. E se não tem onda, o surfe é no trem. Por toda a cidade, a
praia é parte do imaginário. Está no jeito de ser, de vestir,
falar... a praia, no Rio, não é simplesmente uma formação
geológica às margens do mar. É cultural, projeta-se no centro da
identidade do carioca e não se limita aos contornos das faixas de
areia" (Isabel
Seixas, Diogo
Rezende e Letícia
Stallone)
Entre
os dias 24 de março e 28 de maio, o Museu Histórico Nacional vai
estender a canga e abrir o guarda sol para receber a exposição
“Quando o mar virou Rio”. A mostra foi idealizada e produzida
pelo estúdio M´Baraká e pela produtora Logorama, com patrocínio
da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, da Secretaria Municipal de
Cultura por meio da Lei Municipal de Incentivo a Cultura - Lei do
ISS, e da Multi Terminais, copatrocínio da E.T.T. First RH e a Shift
Gestão de Serviços e apoio do Control Lab e do Consulado Francês.
Ao
todo, serão 130 obras, entre gravuras, fotografias, instalações e
pinturas, de 25 artistas, organizadas em nove temas que resgatam a
história da relação dos moradores do Rio de Janeiro com a praia -
desde a origem, quando os médicos receitavam banhos de mar para
curar doenças de pele ou respiratórias, até os dias atuais,
incluindo a moda, os esportes e o ideal de carioquice que ganhou fama
no mundo inteiro.
“O
mar, em sua imensidão, sempre estimulou a imaginação humana e
trouxe o medo do desconhecido, gerando uma infinidade de lendas que
afastavam o homem do oceano. Foi apenas na Idade Moderna que o mar
deixou de ser concebido como um caótico berço de mistérios
incompreensíveis. A força de um mito está em seu potencial de
parecer que sempre existiu. O banho de mar e a cultura de praia estão
tão associados ao Rio de Janeiro que nem parecem ser hábitos
recentes, com cerca de 100 anos", dispara Isabel
Seixas. Ela, Diogo Rezende e Letícia Stallone são os curadores da
mostra e formam o coletivo Curatorial do estúdio M´Baraká.
A
partir do batismo da cidade, quando os portugueses, por engano ou
peculiaridades linguísticas, entenderam a baía (de Guanabara) como
um rio, desenrolou-se uma narrativa que comprova que, apesar dea
deram vida à fotografia em preto e branco de uma maloca Yanomâmi
incendiada na Amazônia, feita por Claudia Andujar em 1976, na vídeo
instalação Yano-a, de 2005, que traz uma memoria relativa ao
extermínio do povo indígena na lendária batalha de Estácio de Sá,
à beira da baía, quando centenas de aldeias foram incendiadas. O
coletivo OPAVIVARÁ! apresentará a obra EU ♥
CAMELÔ, que exalta este devir camelô que
se esgueira nas areias escaldantes, fugindo e apanhando da lei
enquanto refresca a sede do PM, do gringo e do playboy.
Um
outro grande destaque da mostra é a obra Paisagem Impressa, do
brasileiro radicado na Suécia Laércio Redondo, com gravuras do
francês Jean Baptiste Debret (1768-1848) sobre o Rio de Janeiro do
seu tempo. Em cada um dos 77 bancos há livros e textos que
representam, na visão dos convidados do artista, uma paisagem
contemporânea dessa cidade maravilhosa, que relaxa nos finais de
semana nas areias, ao sabor das ondas tropicais.
Artistas
contemporâneos:
Alexandre
Voegler
Benoit
Fornier
Bruno
Veiga
Gisela
Motta e Leandro Lima
Júlio
Bittencourt
Laércio
Redondo
Marco
Antonio Portela
OPAVIVARÁ
Rogério
Reis
Tito
Rosemberg
Artistas
de acervos (Museu Histórico Nacional, MIS, Biblioteca Nacional e
particular):
Alair
Gomes
Augusto
Malta
Eugene
Cicere
Frederico
Salathé
Genevieve
Naylor
João
Steinmann
José
Silveira d’Avila
Juan
Gutierrez
Leon
Jean Baptiste Sabatier
Louis
Lebreton
William
Burchell
"Quando
o Mar virou Rio" é uma realização do estúdio M’Baraká e
da Logorama em correalização do Museu Histórico Nacional,
Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Ministério da Cultura e
Governo Federal
Curadoria:
Isabel Seixas, Diogo Rezende e Letícia Stallone, do coletivo
Curatorial, do estúdio M’Baraká
Serviço:.
QUANDO:
de 24 de março a 28 de maio de 2017
ONDE:
Museu Histórico Nacional - Praça Marechal Âncora, s/nº, Centro
3º
a 6º feira, das 10h às 17h30
sábados,
domingos e feriados das 13h às 17h.
QUANTO:
R$ 10,00 (inteira) | R$ 5 (meia entrada para estudantes e maiores de
65 anos)
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