[SÃO JOSÉ DO EGITO/PE] 1ª Feira da Poesia do Pajeú
julho 18, 2019Por Moema Luna / Assessoria de imprensa - CEPE
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Dedé Monteiro / Foto: Divulgação |
Companhia
Editora de Pernambuco (Cepe)
organiza evento em São José do Egito, capital nordestina da poesia
popular, de 18 a 20 de julho
São
José do Egito ganha feira literária dedicada a poetas, glosadores,
repentistas. A 1ª Feira da Poesia do Pajeú é promovida pela
Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) e será realizada no período
de 18 a 20 de julho, na Rua João Pessoa, Centro da Cidade. O
objetivo do evento é difundir a produção cultural do Sertão do
Pajeú. “Queremos contribuir para fortalecer essa expressão
cultural pernambucana e estimular a produção dos poetas”, diz o
presidente da Cepe, Ricardo Leitão. Oficinas de xilogravura e
estêncil, mesas de glosa, contação de histórias, atrações
musicais, mesas de bate-papo, exposição e lançamento de livro
fazem parte da programação da feira que conta com o apoio da
prefeitura de São José do Egito e de outros municípios da região.
“Essa feira é uma grande oportunidade de eternizar a poesia do
Pajeú, que já possui reconhecimento nacional e internacional, e
incentivar ainda mais a produção da poesia”, acrescenta o
secretário de Cultura de São José do Egito, Henrique Marinho. O
investimento total da feira é de R$ 150 mil.
Situada
a 400 quilômetros do Recife, São José do Egito é conhecida como
capital nordestina da poesia. Mas os 17 municípios que compõem o
Sertão do Pajeú não ficam atrás em termos de riqueza e vastidão
de produção poética. Da região são conhecidos nomes como o
egipciano Lourival Batista Patriota (1915-1992), e os homenageados da
feira Manoel Filó (1930 - 2005), natural de Afogados da ingazeira, e
Dedé Monteiro, nascido em Tabira e Patrimônio Vivo de Pernambuco
desde 2016.
Ao
final de cada uma das três noites do evento, seis poetas
participarão de mesas de glosa (composição poética em dez versos
construída de improviso a partir de um mote). O conteúdo das mesas
será transcrito e transformado em livro a ser publicado pela Cepe,
com lançamento previsto para janeiro de 2020, durante a Festa de
Louro, para celebrar os 105 anos do poeta Lourival Batista, conhecido
como Louro do Pajeú, o "rei do trocadilho".
As
mulheres poetas do Pajeú: Isabelly Moreira (São José do Egito),
Mariane Alves e Jéssica Caetano (Triunfo), Sara Cristóvão (Tabira)
terão seu lugar de fala garantido em mesa mediada pelas jornalistas
da revista Continente, da Cepe Editora. Elas, aliás, estão cada vez
mais presentes nas mesas de glosa e desafios de repente, ao lado dos
homens. Os aboiadores Paulo Barba e Jairinho Aboiador farão
apresentação tocando as toadas típicas do Sertão para tanger o
gado.
Para
incentivar o registro da produção poética - que vai além da
popular e também inclui utros segmentos como a poesia livre e o
haikai -, a Cepe fará uma roda de diálogo com o ex-presidente do
conselho editorial da Cepe e atual Superintendente de Marketing da
empresa pública, Tarcísio Pereira, esclarecendo os caminhos para a
publicação na editora. Em São José do Egito, por exemplo, só há
um xilogravurista, o também cordelista, poeta e artista visual
Arlindo Lopes. As publicações em livro e cordel são realizadas por
artistas de fora da região, ou ilustradas por fotografias e outras
técnicas.
“Nossa
proposta é também estimular a formação de novos xilogravuristas,
com publicação anual da produção do conteúdo da feira”,
adianta Leitão. Para tanto será criado um conselho editorial sobre
a poesia popular do Pajeú que definirá anualmente três publicações
sobre poesia e outras dez em literatura de cordel.
A
feira abre com a exposição Pelos
Sertões,
do artista paraibano radicado no Piauí Marcos Pê, conhecido pelos
quadros figurativos de poetas. Ao lado dos desenhos impressos em
madeira o artista coloca poesias dos glosadores e cantadores.
Haverá
roda de diálogos para debater a poesia na educação. Em São José
do Egito, é Lei Municipal ensinar poesia popular nas escolas. Na
programação, os diálogos com os poetas Antônio José de Lima e
Antônio Marinho mostrarão que a poesia está diretamente ligada à
história da cidade.
Reza
a lenda que basta beber a água do Rio Pajeú para virar poeta, visto
que há séculos foi enterrada uma viola dentro do rio. Mas a
história conta que o baião de viola chegou ao Pajeú na época da
colonização portuguesa e traz influência dos mouros e muçulmanos.
Conta-se que as chamadas Rodas de Glosas tiveram como palco as mesas
de bares e botecos ocupadas pelos boêmios, sem nenhuma organização
prévia.
Durante
a feira será lançado ainda o livro de poesias vencedoras do
Concurso de Poesia Popular de São José do Egito - Poesias Premiadas
- Volume 1, que selecionou poesias nas categorias Quadras, Sextilhas,
Sete linhas, Décimas e Décimas com mote. O dinheiro arrecadado com
a venda da publicação financiará o custeio da próxima edição do
concurso.
As
crianças também têm espaço reservado na programação, com
apresentação do Recital Infância Rimada. Trata-se de um grupo de
crianças de Tabira que recebe semanalmente oficina de poesia
coordenada pelo poeta Zé Carlos do Pajeú. Já a contação de
histórias do livro Uma Festa na Floresta (Cepe Editora), de Lêda
Sellaro, ficará a cargo da cordelista Suzana Moraes; e Dianimal
(Cepe Editora) será contada e cantada pelo próprio autor, Alexandre
Revoredo.
Além
da 1ª Feira da Poesia Popular do Pajeú, que será anual, a Cepe
também traz em seu calendário fixo de feiras a cargo de sua
realização a Feira da Literatura Infantil (Flitin), e ainda
pretende acrescentar este ano uma feira universitária.
PERFIL
DOS HOMENAGEADOS
Dedé
Monteiro
José
Rufino da Costa Neto nasceu no dia 13 de setembro de 1949, no sítio
Barro Branco, no município de Tabira. Sua relação com a poesia
popular remete à infância, profundamente influenciada pelo pai,
Antônio Rufino da Costa, que gostava de cantar cordéis enquanto
trabalhava no roçado e, anos depois, em sua banca de frutas na feira
de Tabira. Escreveu o primeiro poema aos 15 anos de idade, uma
homenagem à mãe, Olivia Pires da Costa Monteiro, e não parou mais
sua produção literária. Publicou quatro livros ao longo da vida:
Retratos do Pajeú (1984), Mais um baú de retalhos (1995), Fim de
feira (2006) e Meu quarto baú de rimas (2010).
Considerado
o Papa da Poesia, é um dos mais importantes divulgadores da poesia
popular e, nas últimas décadas, tem participado de eventos e
projetos literários com o objetivo de difundir a linguagem da poesia
popular de cordel como elemento na formação cultural do povo
nordestino. Professor aposentado, Dedé Monteiro integra a Associação
de Poetas e Prosadores de Tabira (APPTA).
“Explicar
a poesia/ Ninguém consegue explicar./ Faz a tristeza morrer/ E o
sonho ressuscitar.”
Manoel
Filó
Manoel
Filomeno de Menezes, mais conhecido como Manoel Filó, nasceu em 13
de outubro de 1930,na Fazenda Tabuado, município de Afogados da
Ingazeira – PE. Com dois anos de idade mudou-se para Mundo Novo,
município de São José do Egito, no qual viveu até os 18 anos de
idade. Faleceu aos 74 anos, em 21 de agosto de 2005 na cidade de São
José do Egito. Aos 20 anos mudou-se para São Paulo, onde trabalhou
de camelô, cobrador de ônibus, vendedor e desenvolveu-se como
comerciante.
É
considerado um dos maiores poetas populares, tanto pelo dom do
improviso quanto pela criatividade e sensibilidade poética ao
retratar as paisagens e acontecimentos do Sertão. Não fez profissão
da cantoria, no entanto não se negou a cantar quando solicitado
pelos companheiros, e nunca lhe faltava um violeiro à disposição.
PROGRAMAÇÃO
DA FEIRA DE POESIA POPULAR DO PAJEÚ
18/07
(quinta-feira)
14h
- Oficina de xilogravura sustentável e oficina de estêncil
16h
- Abertura da exposição Pelos Sertões, do artista Marcos Pê
16h
- Acolhida Banda de Pífano Riacho do Meio
17h
- Diálogo Os caminhos da poesia na região do Pajeú, com Antônio
José de Lima e Antônio Marinho
18h
- Mesa Literatura e Educação: propostas, concepções e
experiências, com Alessandra Ramalho, Aparecida Izídio e Eduarda
Simone
19h
- Recital infantil da Ingazeira, com Ingrid Laís, Islany Maria e
Jayne Marília
19h15
- Recital Infância Rimada
19h45
- Aboio com Paulo Barba e Jairinho Aboiador
20h
- Mesa de Glosa com Alexandre Morais (Afogados da Ingazeira),
Gislândio Araújo (Brejinho), Lima Jr. (Tuparetama), Lucas Rafael
(São José do Egito), Milene Augusto (Solidão), Zé Carlos do Pajeú
(Tabira)
21h30
- Abertura: Em Canto e Poesia (Participação: Tonfil)
19/07
(sexta-feira)
8h
- Oficina de xilogravura e oficina de estêncil
16h
- Contação de histórias sobre o livro Dianimal (Cepe Editora) com
Alexandre Revoredo
17h
- Bate-papo sobre o Conselho Editorial da Cepe com Tarcísio Pereira
18h
- Mesa da Revista Continente (Cepe) sobre Mulheres poetas do Pajeú
19h
- O escritor Homero Fonseca declama A
chegada de Bibiu no céu
19h
- Apresentação da dupla de violeiros Adelmo Aguiar e Denilson Nunes
20h
- Mesa de Glosa com Anderson Brito (Tabira), Francisca Araújo
(Iguaracy), Genildo Santana (Tabira), Lenelson Piocó (Itapetim),
Wellington Rocha (Afogados da Ingazeira), Tiago Gomes (Afogados da
Ingazeira)
21h30
- Forró Rimado A Cristaleira
20/07
(sábado)
8h
- Oficina de estêncil
16h
- Contação de histórias do livro Uma festa na floresta (Cepe
Editora), com Suzana Moraes
17h
- Palestra Xucuru: a raiz-forte da poesia do Vale do Pajeú, com
Lindoaldo Campos
18h
- Mesa Manoel Filó: o poeta de todos os lugares, com Ciro Filó,
Ricardo Moura e Jorge Filó
19h30
- Lançamento do livro Concurso de Poesia Popular de São José do
Egito - Poesias Premiadas - Volume 1
20h
- Mesa de Glosa com Aldo Neves (Tuparetama), Elenilda Amaral
(Afogados da Ingazeira), Erivoneide Amaral (Afogados da Ingazeira),
Henrique Brandão (Serra Talhada), Zé Adalberto (Itapetim), Zezé
Neto (São José do Egito)
21h30
- As Severinas
Trechos
de glosas
Vinícius
Gregório
(...)
E se eu nascesse de novo
E
Deus me desse um Menu
Onde
eu visse o mundo inteiro,
Cada
canto a olho Nu.
E
mandasse eu escolher
Onde
eu queria nascer,
Com
certeza ia dizer:
De
novo no PAJEÚ!
Gislândia
Araújo
Pajeú
é a herança
Dos
poetas violeiros,
Dos
boêmios cancioneiros
Onde
a inspiração descansa.
Essa
terra sempre avança
Porque
tem uma magia
E
assim se diferencia
Deste
país de ladrão.
Pajeú
é a nação que tem por lei a poesia.
Alexandre
Morais
Nasci
no meio da feira,
O
meu mingau foi coalhada,
O
meu café foi buchada,
Minha
arma, a baladeira.
A
minha calça, a perneira,
Meu
costume, improvisar,
Por
isso só sei versar
De
um modo rasteiro e bruto
Eu
nasci pra ser matuto,
Não
tem quem faça eu mudar
Adiel
Luna
Limeira
profetizando,
Previu
em sua oração:
Ladrão
roubando ladrão,
Juiz
bandido julgando,
Deputado
traficando,
Doido
rasgando bandeira,
Propina
na petroleira
E
o povo passando estreito
O
Brasil ficou do jeito
Dos
versos de Zé Limeira
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