[RECIFE/PE] Livro revela artista em retrospecto
agosto 04, 2018Por Carolina Botelho / Assessoria de imprensa - Cepe
Ypiranga,
publicado pela Cepe
Editora e
organizado por Lêda Régis, traz diversos textos curatoriais e vasto
acervo fotográfico para traçar uma retrospectiva inédita sobre a
obra do artista visual pernambucano Ypiranga Filho. O lançamento do
livro, que acontece dia 9 de agosto, no Museu do Estado, às 19h,
também contará com exposição de mais de 100 obras do artista
Pelas mãos do artista pernambucano Ypiranga Filho, 82 anos, a dureza do ferro se fez flexível, ressignificando o material. O trabalho com o metal foi pioneiro em Pernambuco nos anos 1960 e 1970, auge do modernismo e da predominância do figurativismo tropicalista no Estado. Daí se percebe a relevância de Ypiranga, que nadou contra a corrente vigente, apostando no experimentalismo característico da arte contemporânea. Subverteu as linguagens tradicionais da escultura, gravura, desenho e pintura ao criar com a fotografia, o filme, a arte xérox e a arte postal. Sua obra é considerada patrimônio fundamental da arte de Pernambuco e do Brasil.
Todas as faces do prolífico Ypiranga podem ser lidas e vistas no livro Ypiranga Filho, organizado por Lêda Régis e publicado pela Cepe Editora. O lançamento ocorre dia 9 de agosto, às 19h, no Museu do Estado, e conta ainda com exposição de mais de cem obras do artista, sob curadoria de Joana D’Arc Lima e Raul Córdula. Os dois assinam textos curatoriais presentes no livro de 292 páginas, ao lado de outros grandes nomes como Marcus Lontra, Adão Pinheiro e José Cláudio.
Para o presidente da Cepe, Ricardo Leitão, que assina a apresentação do livro, os textos curatoriais “formam uma base teórica e antecedem a retrospectiva inédita da obra de Ypiranga Filho, que a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) tem a honra de agora publicar”, escreve Leitão.
O
livro ainda conta com cronologia biográfica, e elenca todas as
exposições do artista, pouco conhecido nacionalmente, apesar da
relevância de seu trabalho. “Ypiranga se formou na Escola de Belas
Artes, em 1969, criando uma escultura feita com cabos de vassoura
como se fossem móbiles. Um marco”, pontua a curadora.
No
prefácio de Raul Córdula revela-se o início da relação de
Ypiranga com os artistas que trabalhavam com máquinas das fábricas,
na Alemanha, onde morou na década de 1960. “Assim sua obra
pendeu para a expressão que emana das formas e volumes contidos nas
sobras da indústria e na manipulação daqueles materiais”,
escreve o artista e crítico de arte.
O
também crítico e curador carioca Marcus Lontra ressalta a
preocupação ética das esculturas de Ypiranga, que constrói e
transforma paisagens sem deixar de se integrar à natureza.
“Ypiranga reforça, com toques sutis de melancolia, a ideia
de que o mundo sem ganância e sem exploração pode ser um terreno
fértil para aflorar a criatividade e o talento humano”, define
Lontra, para quem o estilo do artista dialoga com o cubismo,
surrealismo, e, entre os brasileiros, com as obras de Maria Martins,
de Frans Krajcberg, Mário Cravo Neto e Boaventura da Silva Filho, o
Louco.
Entre
os trabalhos marcantes da carreira de Ypiranga, o também artista
Adão Pinheiro recorda O
Cangaceiro.
“Eram ferros e jantes, com uma solda elétrica aparente, brutal”,
descreve.
Integrante de vários grupos artísticos importantes dos anos 1960 e 1970, fez parte da Cooperativa de Artes e Ofício da Ribeira, em 1964, com grande papel político e social naquele período de repressão. Socialista declarado, sempre defendeu a coautoria do artista e do artesão. “Um trabalhador das artes consciente de seu papel social”, escreve Joana.
EXPOSIÇÃO
Na
mostra expositiva, espelho tridimensional do livro, estarão
presentes 11 esculturas, 22 desenhos, 14 pinturas e 53 gravuras, além
das obras chamadas por Joana de Transbordamentos,
que
estarão impressas em um painel.
Buscando
transmitir uma ideia de extrapolação de fronteiras definidas que
escapam às definições normativas, a curadora trata como
transbordantes os fazeres artísticos que relacionaram arte e vida
pública, “como no happening intitulado Brigada de Artilharia Leve,
proposto pelo artista Daniel Santiago, 1987, na Brigada Portinari,
1982, Evoé Nelson Ferreira, Olinda Arte em Toda Parte (2001-2007),
participação na organização da I Mostra de Art-Door do Recife
(1983-1986), entre outros projetos coletivos e colaborativos durante
os anos 1990 até 2016”, explica.
SERVIÇO
Lançamento
do livro Ypiranga
Filho
(Cepe
Editora) e exposição de obras do artista
Quando:
9 de agosto, às 19h
Preço:
R$ 90 (livro impresso) / R$ 25 (E-book)
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