[ENTREVISTA] O ator Ryan Leivas fala sobre carreira e sua produtora

fevereiro 04, 2017

Por Cecília Assis / Mais Por Arte

Ryan Leivas / Foto: Divulgação

Ryan Leivas é ator e produtor cultural. Nasceu em Recife, mas morou em outras cidades com sua família. Quando tinha 02 anos se mudou para Belo Horizonte, com 10 anos morou em Brasília e aos 16 anos volta a morar em Recife.

No começo da carreira, sua família não aceitou a profissão de ator e modelo. Mesmo assim, Ryan persistiu. Um trabalho como modelo para um anúncio publicitário de uma escola, que estava em um outdoor, convenceu sua mãe de apoiar sua carreira. Ele lembra, o que sua mãe disse na época: "Ryan, não posso mais impedir seu sonho". E assim, ela matriculou em uma escola de teatro em Brasília.

Hoje, o ator com 20 anos de idade tem o apoio da família e está sempre articulando novos projetos, além de gerenciar sua  produtora, a Contágio Produções. 


Mais Por Arte: Quando você decidiu pela profissão de ator?

Ryan Leivas: Eu até brinco que ser ator, é tipo a minha orientação sexual (risos). Nasceu comigo. Eu nasci gay, nasci artista, nasci ator. Desde os 4 anos que eu digo que quero ser ator por influência da televisão. Quando era pequeno, não ia muito ao teatro por conta da religião da minha família. Mas a minha mãe sempre foi uma pessoa aberta e entendeu sempre que cada um precisa procurar o que quer da vida. Então, ela pedia aos parentes, que não eram da mesma religião, para me levar ao circo, teatro e cinema. Conheci tudo na minha infância e cada vez mais queria fazer parte daquilo.
Depois do trabalho que fiz como modelo para um anúncio, fui chamado para fazer outros trabalhos. Eu via nas entrevistas, os atores falando que começaram suas carreiras como modelo e me inspirava.
 

Foto: Divulgação

Mais Por Arte: Conta um pouco sobre sua formação e algumas produções que você já realizou.

Ryan Leivas: 
Eu comecei a pesquisar por escolas de teatro em Recife, e eu lembro que me matriculei no SESC, onde conheci Rodrigo Cunha (Coordenador do curso de teatro). No dia da matrícula, existia apenas uma vaga que foi preenchida por uma menina que estava na minha frente. Quando eu ouvi a moça (atendente do SESC) perguntar a menina, qual o curso que ela queria fazer e ela disse que era teatro. A atendente comemorou e disse que a menina tinha pego a última vaga.  Eu disse: "Não, minha gente. Não é possível não". "Pelo amor de Deus, eu vim de Brasília pra fazer teatro aqui."

Então, ela (atendente do SESC) me explicou que no sistema só autorizava 20 vagas. Mas seguindo sua orientação, fui falar com o coordenador do curso. Por sorte, a capacidade limite da sala era de 21 alunos. Ele (Coordenador do curso) disse que sempre deixava uma vaga para quem chegava de última hora. Então, eu me matriculei e foi daí que minha vida teatral em Recife começou.

Eu fiz o curso de iniciação, depois o avançado no SESC, onde fiz minha primeira peça teatral "Desgraça Alheia". Logo fui chamado para fazer parte do grupo Domínio Público (grupo patrocinado pelo SESC). No mesmo ano, eu fiz o curso profissionalizante da Fiandeiros e fazia o domínio público (grupo patrocinado pelo SESC), onde eu ensaiava a peça três coroados que foi até agora, o espetáculo que eu sou apaixonado. Eu acho que nenhum espetáculo a gente não esqueci, pois são como filhos, passamos meses ensaiando e se dedicando.  A peça três coroados, me ensinou o que é grupo, cuidar do outro.  É minha paixão da vida.

Três coroados foi o trabalho após a peça teatral Desgraça Alheia. A produção do espetáculo Três Coroados, passamos quase 1 ano ensaiando e montando o espetáculo. Estreiamos, viajamos... foi o primeiro espetáculo que eu fiz temporada.

Tive que coincilar com o curso da Fiandeiros. Foi uma confusão, por que ficou muito corrido. No espetáculo a gente dançava, cantava, tinha manipulação de bonecos. Foi uma complicação, mas deu certo.

Mais Por Arte: E como foi sua atuação no cinema? O curta Feliz Ano Novo foi uma produção independente. Como foi realizar esse trabalho?

Ryan Leivas: O curta foi lançado numa plataforma de solicitar investimento para patrocínio. Não conseguimos o valor total necessário, mas o valor próximo e conseguimos produzi-lo. O curta participou de alguns festivais em São Paulo, Rio de Janeiro e em Recife (foi mostrado duas vezes). Foi uma experiência bem legal. Para televisão, eu havia gravado um comercial e um vídeo para uma peça de teatro onde mostrava a adolescência das personagens. Mas nunca um curta.

É muito diferente do teatro. Por que no teatro só tem uma vez, ou você vai ou vai. No cinema você pode repetir, então você acha que é mais tranquilo, mas não é. Você tem que repetir a cena igual com os mesmos detalhes.  É um aprendizado absurdo.

A gente gravou de sexta a domingo por 13, 14 e 15 horas no set. Foi legal. O outro ator (David Péricles) nunca tinha feito cinema. A gente se ajudou muito, nem um dos dois tinha experiência no cinema.  No primeiro dia, passamos quase 5 horas gravando para uma cena de 5 minutos, por que estávamos nervosos. No segundo dia, decidimos não fazer igual a gravação do dia anterior. Vamo que vamo, conseguimos gravar e finalizamos no domingo.


Mais Por Arte: Você tem uma produtora. Fala um pouco da Contágio Produções e quais são os principais serviços?

Ryan Leivas: Nossa, a Contágio está sendo um marco na minha vida. A contágio aconteceu na verdade há uns dois anos, quando eu estava fazendo um curso de produção cultural, junto com você (risos), inclusive. E aí, elas falavam as formas de se promover e de mostrar nosso trabalho, e tal.  E aí eu senti a necessidade de promover meu trabalho e de buscar formas de promover e de não esperar convites de trabalho.

Eu conversei com alguns professores, alguns mestres que eu já conhecia para promover meu trabalho, precisava pagar minhas contas como todo mundo e o teatro não estava me dando dinheiro, e eu precisava também produzir.  Aqui em Recife, eu estava "preso" a fazer cursos e as coisas que se desdobravam através de cursos. Aí você fica perdido, e faz todos os cursos: SESC, Fiandeiros, Cênicas, Samuel do Poste, e depois você repeti todos. Chega o momento, que você pensa: "Meu Deus, já fiz todos os cursos." Então, dois mestres me falaram que eu tinha muito conhecimento, experiência no teatro e que estava na hora de compartilhar o que eu sabia.

Contação da história "Godofredo e Maristela" com Ryan Leivas e Karol Spinelli / Foto: Divulgação
Convidei duas amigas para criarmos um curso e oferecer aulas. Através dos amigos, conseguimos fechar uma turma com 25 alunos com duração de 3 meses. Uma experiência incrível. Eu já tinha trabalhado dando aula no projeto do governo, o Mais Educação para crianças.  Mas eu nunca tinha dado aula para adulto, e aí na turma tinha adolescentes de 12 e 13 anos e moças e rapazes de 25 anos. Era uma mistura muito legal. Todos tímidos no início do curso e depois todos atuando.  E vendo eles comemorando, me motivou ainda mais.

O nome Contágio veio da forma bonitinha de que o teatro nos contagiou e a gente queria contagiar outras pessoas. Durante 1 ano, tentamos fazer outros projetos mas não deu certo. Meus pais se mudaram e cada vez mais eu precisava ganhar dinheiro com arte, produzir arte. Não queria trabalhar com outra coisa.

Um dia parei e pensei: Cara, o que está faltando para a Contágio ir para frente? Aí, me lembrei de contar histórias e dos boneco nas escolas. Quando eu fazia nas escolas, as crianças ficavam "loucas" pedindo para que eu continuasse as histórias. Apresentei o projeto a uma amiga que tem uma escola e ela apoiou. Quando eu postei as fotos no facebook, uma loja nos chamou para ser atração na colônia de férias e fechei uma parceria com a Pizzaria Atlântico.

Recreação na Pizzaria Atlântico / Foto: Divulgação

A gente trabalha com: Teatro Escola, Teatro de Rua, Teatro de bonecos, Teatro de sombras e objetos, Contação de histórias, Palestra teatral, Intervenções teatrais, Jogos educativos e recreativos e Recreação.

Esse ano, já começamos o ensaio para montagem do teatro convencional - do conto Fadas Transformadas. Vamos tentar concorrer a editais e agregar mais produções e conhecimento ao Contágio. Vamos lançar o canal no youtube. Contamos histórias nas ruas, e passamos o chapéu. Iremos ainda, retomar a oficina Experiências Teatrais, onde os atores contam suas experiências para o público.


Mais Por Arte: Qual o conselho você daria para as pessoas, independente da idade, que desejam ser ator/atriz?
Ryan Leivas: Nossa, eu sempre perguntei isso para as pessoas que eu admirava muito. E muitas vezes, eles respondiam: tenha calma porque tudo acontece no momento certo.

E eu pensava: "Esse momento não vai chegar nunca, senhor?"  mas a primeira coisa, é a perseverança. Não desistir, porquê vem. As coisas chegam aos pouquinhos, uma leitura ali, um projeto ali, um ensaio ali. A segunda coisa é estudar e se dedicar mesmo assim, sabe? Querer isso como profissão e não como hobby. Na nossa sociedade, as pessoas falam para gente seguir a carreira de ator como um hobby.  Para não levar isso como profissão, porque não vai dar dinheiro, não é a profissão que os pais sonham para seus filhos. Mas tem muita gente por aí, vivendo muito bem do teatro, vivendo muito bem com a música, vivendo muito bem da arte.

Tudo que você puder aprender na vida, você vai utilizar no teatro. Não fique com vergonha de fazer coisas pequenas. Todo mundo faz para chegar a um lugar maior. Vá fazendo tudo que vai aparecendo, vá conhecendo pessoas, criando sua rede de contato e a gente chega longe todo mundo junto. Apoiando o trabalho do amigo, não é? Então, vamos movimentar a cultura para que ela cresça.



Serviço

Contágio Produções
Teatro Escola, Teatro de Rua, Teatro de bonecos, Teatro de sombras e objetos, Contação de histórias, Palestra teatral, Intervenções teatrais, Jogos educativos e recreativos e Recreação.
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